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PATOS!
Patos! é um filme infantil de animação e aventura dirigido por Benjamin Renner e Guylo Homsy . A trama mostra uma família de patos formada por Mack - o pai superprotetor -, Pam - a mãe exploradora -, e os filhos Dax e Gwen. Enquanto Pam tem o desejo de mostrar o mundo aos filhos, Mack só quer manter a família em segurança no lago em que vivem na Nova Inglaterra. Porém, quando um novo grupo de patos aparece no local com uma série de histórias sobre viagens incríveis, a família concorda em partir rumo à Nova York, para visitar a Jamaica tropical. Mas a viagem começa a se complicar.
NOTA: 8/10
Meu primeiro contato com Patos! foi na Expocine 2023 onde a Universal fez uma exibição prévia do filme quando apresentou toda a lineup deles para 2024. No meio de vários filmes de terror, assistir meia hora da animação foi um alívio. Admito que fiquei animada ver o resto, 10 minutos de tela e eu já estava apaixonada pelos personagens principais.
A Illumination tem uma tendência de fazer isso, criar personagens que você se apega e induzir o público sair do cinema e comprar a primeira coisa com a cara deles. Se você ainda não conhece muito bem o studio, ele é um ramo da Universal responsável pelos sucessos de bilheteria como Sing (2016), Super Marios Bros (2023) e o gigante Meu Malvado Favorito (2010) que se desdobrou em uma franquia de filmes explodindo com os Minions (2015).
Algumas críticas que sempre ouvi em relação á empresa foram que os filmes são focados demais no lado comercial, cheio de piadas prontas e que a venda produtos dos seus personagens estão acima de tudo. Não podemos dizer que é infundada, pois é só aparecer um filme dos Minions que vemos bichos amarelos em todos os lugares. Porém, isso me faz pensar em uma questão: essa crítica não está atrelada com ligação que todos fazemos sobre animação ser um gênero infantil?
Não há dúvidas que o alvo principal da Illumination é a criança, mas acho que existe uma tendencia de associar tudo que é infantil a má qualidade. O filme do Mario ano passado fez 1,36 bilhões de dólares de bilheteria, e junto com ele, 3 das maiores bilheterias de 2023 foram animações. Falamos muito de Barbie e Oppenheimer, mas porque será que quando Frozen faz um bilhão de bilheteria a gente só consegue pensar nos brinquedos?
Talvez você esteja perguntando porque estou levando tão a fundo uma critica de um filme sobre patos, mas é que fiquei muito reflexiva sobre isso durante ano passado. No Oscar de 2023 o diretor Guillermo Del Toro, vencedor por "Pinochio" disse em seu discurso que animação é cinema e não só um gênero. Eu não trabalho com animação, e não sei se vou conseguir algum dia, pois é uma ciência toda á parte, mas eu sou muito apegada á filmes e desenhos animados. Eles tem um fator muito importante para mim, que foi uma das razões do porque gostei de Patos!: eu consigo aproveitar o filme.
Eu trabalho com cinema, então é bem difícil eu ver algo sem estar pensando em questões técnicas, anotando mentalmente um plano bom, analisando a iluminação e etc..Tenho certeza que para quem é animador, Patos! foi um festival, porque eu, que sou praticamente leiga nesse assunto, fiquei assustada com a qualidade da animação (assustada mesmo, mas a gente já fala sobre isso).
Não há dúvidas que esse é um filme para crianças, e tenho certeza que qualquer uma vai ficar encantada com ele, mas o que eu quero dizer é que tem muita coisa que a gente pode aprender com ele. Começando com a simplicidade da narrativa: a história gira entorno de uma família de patos, com uma dinâmica familiar muito comum - mãe, pai e dois filhos. Esses quatro moram em uma lagoa e a quando o pai tem uma epifania, eles decidem migrar para a Jamaica.
A partir dessa premissa simples a narrativa se aprofunda em elementos muito básicos, e para quem escreve histórias, sabe que isso é muito importante. O pai é super protetor, a mãe responsável e acolhedora, o irmão aventureiro e a irmã mais nova é a fofura em pessoa. Isso em si já trás uma identificação para qualquer pessoa, é muito fácil associar um personagem tão caricato com algum membro da sua família, porque eles trazem essa simplicidade nos arquétipos. Isso claro, é uma ferramenta de animações, visto que quando você trabalha com personagens não humanos, são necessárias características muito mais realçadas neles para que haja uma identificação.
Vou dar um pulo aqui, mas a gente vem fazendo isso há muito tempo, tanto na literatura, com George Orwell no livro A Revolução dos Bichos (1945), quanto no cinema com, por exemplo, uma das minhas animações favoritas, A Fuga das Galinhas (2000). Por meio dos bichos, ou seres fantásticos, a gente tira dos personagens tudo que um filme com "pessoas de verdade" trazem. Em uma animação a gente não fica olhando a beleza de um ator ou atriz ou a atuação deles, pelo contrário, tiramos tudo que daria um pretexto de estereótipo e questões que não vou nem comentar aqui. Eu sou muito fã de animações que usam disso para contar histórias. Como eu citei antes, A Fuga das Galinhas, que apesar de ser um filme infantil, faz uma critica bem louca em relação a poder e sociedade, mas por outro lado, temos muitos exemplos mais simplificados, quase como uma fábula com lição de moral, que é o que Patos! faz, tratando da dinâmica familiar e acima de tudo coragem.
O ato da família sair da zona de conforto para viver uma nova aventura desdobra em muitas situações identificáveis. Ter medo de viver o novo é algo que todo ser humano já sentiu, ao mesmo tempo que a vontade de explorar possibilidades fora da sua zona de conforto também é uma força motora na nossa vida. É uma premissa mais simples do que uma revolução em um galinheiro, sim, com certeza, mas é uma lição fofa e necessária.
Bem, eu digo tudo isso para resumir que, estamos discutindo muito sobre o rumo que o cinema vai tomar, tendo em vista nossos cenário atual: inteligência artificial, super heróis, mega franquias, tiktok e etc... Mas a verdade é que o cinema pode ter várias formas, e sentar em uma poltrona e rir por causa de uma patinha fofa também é uma delas, assim como sair correndo e comprar chaveiro de um pato. Temos que lembrar que tem sim espaço para todo tipo de cinema.
Além disso quero lembrar que, as pessoas precisam trabalhar, filmes independentes não alimentam todo mundo. Se é uma animação que dá dinheiro e leva as pessoas para o cinema, qual o problema de termos isso na tela? Hoje quando estou escrevendo essa crítica, Patos! já arrecadou 100 milhões dólares, sem ainda ter estreiado.
Agora, eu faço a crítica vindo de um lugar que, novamente, não trabalho com animação, então não posso entrar em méritos mais profundos em relação á isso, mas tendo em vista a proposta do filme e o que ele representa, eu sinto que cumpriu o que prometeu: diversão. Podemos falar sobre várias outras questões, roteiro, estilo, e eu tenho algumas críticas em relação á isso. Para mim o desenrolar foi para um lugar um pouco estranho, eu estava, depois de ter visto a prévia, esperando algumas aventuras mais épicas, e quando eles foram parar em Nova Iorque e o filme foca nisso, fiquei um pouco decepcionada. Mas de novo, eu entendo o apelo, é uma cidade conhecida mundialmente, qualquer elemento que voce colocar, alguém vai ter ouvido falar, a animação fica linda...
A questão é, eu entendo que o filme como um todo, teria muito espaço para melhorias sim, mas acho que para seu público ele cumpre o que quer, e acho que vai continuar fazendo um sucesso na bilheteria. Já passou da hora da gente analisar as animações como filmes e não só o gênero desenho. Com isso, eu fiquei muito impressionada com a qualidade da animação, o cenário do filme é lindo demais e dublagens são ótimas. Alguns personagens me incomodaram um pouco, principalmente o chefe de cozinha, que aparece mais para o meio do filme (que foi o maior erro do filme, extremamente desnecessário), mas o cenário para mim compensa demais!
Sinto que teremos algumas continuações dessa franquia no cinema, e para ser bem sincera, eu estarei assistindo!
Patos! estréia dia 04 de janeiro nos cinemas!
Marina Barancelli,
Diretora, Produtora e Atriz
Janeiro, 2023
ELENCO
Original: AKumail Nanjiani, Elizabeth Banks, Danny DeVito, Caspar Jennings.
Nacional: Sérgio Stern, Priscila Amorim, Ary Fontoura, Sam Vileti, Melinda Saide.
ROTEIRO
Mike White, Benjamin Renner
PRODUÇÃO
Chris Meledandri
DIREÇÃO
Benjamin Renner, Guylo Homsy