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CORINGA: DELÍRIO Á DOIS

Coringa: Delírio a Dois é roteirizado, dirigido e produzido pelo cineasta Todd Phillips. Nesta sequência, Arthur Fleck está institucionalizado em Arkham à espera do julgamento por seus crimes como Coringa. Enquanto luta com sua dupla identidade, Arthur não apenas se depara com o amor verdadeiro, como encontra a música que sempre esteve dentro dele. O filme também é estrelado por Lady Gaga, Brendan Gleeson, Catherine Keene e Zazie Beetz.

NOTA: 6/10

Há algo quase triste em fazer esa crítica de  "Coringa: Delirio a Dois". Não pelo o que acontece no filme, mas pelo vazio que ele deixa no final (e não no bom sentido).

 

Eu não gostei do filme, acho que pela nota é perceptível, mas gostaria de dizer que ela só não foi mais baixa, porque os atores e principalmente a equipe técnica desse filme fazem um trabalho muito bom.

 

Bem, a minha grande decepção com o filme está em como ele se agarra a uma narrativa já explorada e se perde em pretensões artísticas do diretor sem propósito nenhum.

Por primeiro, o filme retoma quase a mesma jornada do primeiro "Coringa", repetindo a narrativa onde Arthur Fleck luta com sua saúde mental e identidade fragmentada. De novo, assistimos à batalha entre o Arthur vulnerável e o Coringa, que surge quando é provocado.

 

Essa estrutura foi a que tivemos no primeiro filme e, apesar da interpretação incrível do Joaquin Phoenix, não traz novidade ou evolução significativa ao personagem e ao universo criado. Lady Gaga, como Harley Quinn, até consegue alguns momentos legais, mas sua personagem é muito mal aproveitada, funcionando mais como uma mostra de como ela canta bem do que como uma verdadeira co-protagonista.​

 

O filme se concentra no julgamento do Coringa, algo que deveria ser o fio condutor da história, mas acaba sendo mais uma tentativa de justificar as ações do Coringa, e porque ele é do jeito que é.

 

Fiquei pensando sobre a escolha do julgamento como trama principal: ele serve para que o público o defenda? Para perdoar seus crimes? É a necessidade de humanizar e explicar, de forma tão expositiva, um personagem que já conhecemos tão bem?​

 

Aqui entra minha maior crítica ao diretor Todd Phillips. Ele construiu uma Gotham mais "realista e humanizada", o que é uma escolha válida. Porém, ao ancorar a narrativa em longos momentos e mais "reais", expositivos, querendo fugir no padrão de Hollywood de filmes de super-heróis, ele fugiu tanto que talvez esqueceu realmente do que ele estava falando: do Coringa. 

 

Essa tentativa de "profundidade psicológica" que deveria ser o ponto central, sendo explicada em um julgamento, tentando defender ou condenar as açõs de um personagem é o erro mais básico que um roteiro pode ter: falar ao invés de mostrar. As cenas musicais, que talvez tenham sido pensadas para contrapor com julgamento, mostrando o que ocorre na mente de Arthur, acabam parecendo artificiais, empurrando o filme para uma direção que não dá e fica sem sentido.A trama se arrasta, e você se pergunta: "Para onde exatamente isso está indo?"​

 

Meu segundo ponto é que, o filme parece não gostar dos seus personagens. O roteiro vem como se tivesse sido escrito e depois os personagens dos quadrinhos foram encaixados dentro dele. Fomos prometidos um "folia a dois", mas recebemos um protagonista e uma coadjuvante perdida. Harley Quinn é subutilizada, estando lá para enaltecer a performance vocal de Lady Gaga, enquanto sua caracterização é vazia, existindo apenas para trazer o Coringa de volta à cena (que no primeiro filme já tinha aparecido...).​

 

Minha frustração com o filme é justamente como ele se distancia dos personagens. Todd Phillips parece tão envolvido em sua própria visão que esquece que está lidando com figuras enraizadas na cultura popular. O resultado é um filme que, apesar das pretensões mais reais e artísticas, é desconectado, arrastado e vazio, e perde as coisas que mais fazem ele parecer atraente.

Coringa: Folia a Dois estreia dia 03 de outubro nos cinemas brasileiros 

Marina Barancelli

Diretora, Atriz e Produtora.

Outubro, 2024

ELENCO

Lady Gaga, Zazie Beetz, Catherine Keener, Joaquin Phoenix

ROTEIRO

Scott Silver, Todd Phillips

PRODUÇÃO 

James Gunn

DIREÇÃO

Todd Phillips

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