
DUNA: PARTE 2
Duna: Parte Dois vai explorar a jornada mítica de Paul Atreides (Timothée Chalamet), agora ao lado de Chani (Zendaya) e dos Fremen, que pode levá-los até a uma guerra, se necessário for, para Paul se vingar dos conspiradores que destruíram sua família. Diante da difícil escolha entre o amor de sua vida e o destino do universo conhecido, ele dará tudo de si para evitar o futuro terrível que só ele pode prever.
NOTA: 8.5/10
ATENÇÃO: Esse texto contém spoiler de Duna: Parte 1
Com um elenco de peso, Duna: Parte Dois estreia agora dia 29 de fevereiro nos cinemas. A sequência do filme de 2021 chega com os dois pés no peito nas salas de cinema, mantendo sua fotografia impecável, cenas de lutas incríveis e uma história extremamente impressionante. Duna tem potencial de ser um dos grandes filmes do ano (se não o maior).
Vou confessar uma coisa: eu ainda não tinha visto o primeiro quando fui chamada para a cabine de imprensa da parte dois, então peguei um resumo de 10 páginas do livro fui!
Duna parte dois continua acompanhando a vida de Paul Atreides que (SPOILER PRIMERIO FILME), depois de perder seu pai e todos da casa Artreides em um massacre nas mãos da casa Harkonnen, ele se conecta com os Fremen, povo originário de Arakis o país desértico que exporta especiarias para o império, também conhecido como Duna. A partir de então Paul começa sua jornada para vingar seu pai e ajudar na liberação dos Fremen.
Duna, apesar de ter muitos elementos clássicos da ficção científica, até porque é um predecessor em várias quesitos, sendo baseado no livro de mesmo nome de Frank Herbet de 1965, trás temáticas extremamente atuais relacionadas ao mundo de hoje. Exploração de poder, fanatismo religioso, exploração de recursos, humanos e naturais, crise climática, dinâmicas de poder, colonialismo, e crise no sistema econômico. Porém ao mesmo tempo, consegue lidar com questões mais intimas do relacionamento humano, como ambição, ciúmes, romance, relações familiares. São tantas camadas, que eu vou ficar falando aqui para sempre se continuar, mas para qualquer um que preste atenção no que realmente está acontecendo no mundo consegue reconhecer em Duna.
Duna trouxe de volta a ficção científica época que estava faltando no cinema.
Pelo menos a que eu sou muito fã, trazendo todos os elementos do gênero que me fazem acompanhar as sagas durante anos. As lutas estão lá, os efeitos especiais também, as explosões, mas também as brigas politicas, a critica social, os personagens complexos, tudo isso por meio de uma mitologia bem desenvolvida pautada na existência humana.
O porque eu falo que acho que Duna trouxe de volta o que estava faltando: Eu sou muito fã de Alien, Blade Runner e principalmente Star Wras, e nos últimos anos, a gente viu um boom nos filmes super-heróis, que por um tempo alimentou o público de ficção científica, quando as grandes sagas aparentemente tinham acabado. Porém também começou a acontecer, no meu ponto de vista, e sem jogar "hate gratuito" nos filmes da Marvel ou DC, porque eu sou uma grande fã, é que esses filmes foram, acima de tudo, produzidos por uma questão comercial. Tá ok, até porque todo mundo quer ganhar dinheiro, porém, o público que gosta, ou pelo menos gostava, de ficção talvez estivesse procurando algo á mais do que o que a Marvel entrega. Não vou entrar aqui no mérito de alienação comercial no cinema, mas o que eu quero dizer, é que essas camadas narrativas que Duna tem, além das visuais é o que fazer am ficção científica ser um gênero incrível.
Os quadrinhos estão dentro desse tipo de narrativa, porém o modo com que eles estão sendo contados em tela, não riscam nem a superfície pelo medo de desagradar muita gente e não vender. E daí vem o que talvez seja minha única critica do filme e o porque eu dei 8.5 e não 10 (com o coração partido):
Eu não sei se são escolhas de mercado (provavelmente) ou produtora colocou o dedo (provavelmente) na escolha de pessoas famosas mas 80% do elenco principal é EXTREMANETE famoso. Não só famoso normal, mas muito famoso. E aí entra a minha crítica, não pelos atores, pois eles são maravilhosos, mas do elenco principal, a única pessoa não branca lá é a Zandaya. E antes que voce venha me chamar de militante chata, o livro de Duna é abertamente inspirado nas culturas do Oriente Médio e Islâmicas. Eu não consigo não ver problema nisso, quando temos uma variedade de atores enormes, então qual a dificuldade de acertar isso? O filme acerta em absolutamente todos os outros pontos, mas eu saí com uma sensação estranha em relação á isso, pois no filme também é claramente explicito TODAS as referencias de vestimenta, linguagem e maquiagem serem abertamente Orientais.
Isso foi certamente uma escolha comercial para chamar público. Apesar de ter elementos populares, Duna não é a formula de aventuras que está fazendo 1 bilhão nos cinemas nos últimos 10 anos. É uma questão complicada e eu literalmente fico horas divagando sobre o nosso futuro no entretenimento. Com isso, vou acompanhar a bilheteria, mas talvez não seja o sucesso comercial que eles esperam, porque têm muito em sua essência o gênero de ficção cientifica.
Para finalizar, o diretor fez um trabalho impecável. Não sei se ele é a melhor pessoa para dirigir esse filme em outros termos, mas a linguagem que ele usou, foi incrível. Falando nos atores, eu acho que nunca vou ter uma crítica para a Zendaya, ela entrega toda vez que está em tela. Já o Thimothee é um ótimo ator, claro, mas eu ainda acho que ele não convence como o Paul, que é um messias mandado para salvar umplaneta inteiro. Temos também o Austin Butler, que provavelmente vai ser o próximo Jhonny Depp aparecendo irreconhecível em todos os filmes. São muitos atores bons para falar, e também estão muito bons em tela, apesar de alguns aparecerem só para dar carão e a promoção ser pautada neles.
Duna é um filme absurdo, feito para ser visto em salas de cinema, em IMAX com o som estourando em você. Eu saí do cinema com um sentimento meio agridoce, por ter acabado de assistir algo incrível e ao mesmo tempo ter o sentimento que estamos dando vários passos para trás e uma questão tão importante que estava caminhando para frente. Espero que a industria cinematográfica, que vive de filmes para o mundo inteiro e lucra justamente com isso, coloque como prioridade inserir o resto do mundo para dentro também.
Duna: Parte 2 estréia dia 29 de fevereiro nos cinemas!
Marina Barancelli
Produtora, Diretora e Atriz
Fevereiro, 2023
ELENCO
Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson, Zendaya, Javier Bardem
ROTEIRO
Frank Herbert, Jon Spaihts, Denis Villeneuve
PRODUÇÃO
Tanya Lapointe, Patrick McCormick
DIREÇÃO
Denis Villeneuve