

MICKEY 17
Dirigido por Bong Joon-ho e protagonizado por Robert Pattinson, a trama acompanha o jovem Mickey Barnes que, para fugir da perseguição de agiotas, aceita encarar uma missão inédita fora da terra. Na jornada, depois de realizar missões, acaba sendo um funcionário “descartado”, mas cujas memórias são restauradas em um novo ser após a morte. No entanto, após inúmeras regenerações, Mickey 17, sua atual versão, sobrevive a uma missão perigosa e acaba enfrentando um dilema existencial ao encontrar sua próxima versão, Mickey 18, que está pronta para substituí-lo.
NOTA: 9/10
Saí da sala de cinema com a certeza de que Bong Joon-ho está cada vez mais se consolidando como um dos grandes nomes da nova geração de cineastas.
Não tem ninguém fazendo o que ele faz com tanta autenticidade. Sei que esse filme é uma adaptação, mas ele usa essa narrativa para continuar sua marca: entregar uma obra visualmente marcante, divertida e que, no fundo, é uma crítica social muito bem construída. Ele fez isso muito bem em Parasita, e aqui, em Mickey 17, ele prova mais uma vez por que ele é um profissional único.
Quando um diretor faz um filme tão brilhante quanto Parasita, que varreu os Oscars, a expectativa para o próximo é gigantesca, e para mim, ele conseguiu atender com folga.
O que mais impressiona é que, apesar de estar dirigindo desde 1994, seu reconhecimento internacional só veio com Parasita, em 2019. Mesmo tendo feito Expresso do Amanhã em 2013, já em Hollywood, foi apenas depois do sucesso de Parasita que ele conseguiu um orçamento de 100 milhões de dólares para Mickey 17. Isso diz muito sobre como o investimento e o reconhecimento certos são importantes. Um diretor que fez um filme revolucionário com apenas 15 milhões de dólares agora tem todos os recursos necessários para expandir ainda mais seu talento, e o resultado é incrível.
Sim, Mickey 17 é uma adaptação, seguindo a tendência de Hollywood nos últimos anos (dos últimos cinco filmes que analisamos aqui, quatro foram adaptações), mas o que ele faz é diferente. Ele tem coragem de se colocar, de transformar a narrativa e de usá-la como ferramenta para um comentário político muito pertinente para o nosso tempo. E isso não é pouca coisa, levando em conta nosso contexto mundial, é extremamente corajoso.
Agora, sobre as atuações: Robert Pattinson é um ator que eu defendo desde a minha era fã de Crepúsculo e continuarei defendendo. Ele vem fazendo escolhas ousadas na carreira, e Mickey 17 é mais uma prova do talento dele. Naomi Ackie é outra grande promessa de Hollywood. Eu adoro o trabalho dela e espero que venham papéis ainda maiores nos próximos anos, porque ela merece muito mais reconhecimento. Mark Ruffalo está em uma fase tão boa da carreira! Sei que pode parecer estranho dizer isso de um ator já consagrado, mas é como se ele finalmente estivesse se soltando e se entregando completamente aos personagens. Depois de Pobres Criaturas, essa atuação aqui só confirma isso. E Toni Collette é simplesmente maravilhosa como sempre, mas isso não é novidade para ninguém.
Eu gostei muito de Mickey 17 e preciso que esse filme seja espalhado pelo mundo inteiro. Meu 9 vai para o ato final do filme que fica um pouco arrastado, mas não tira como é tudo brilhante. Espero que o sucesso dele seja gigantesco, e eu continuo aqui na torcida, pois esse filme e só me consolida ainda mais como a fã número 1 desse diretor.
Marina Barancelli
Diretora, Atriz e Produtora
Março, 2025
ELENCO
Robert Pattinson, Steven Yeun, Naomi Ackie, Toni Collette, Mark Ruffalo.
ROTEIRO
Bong Joon-ho, baseado no livro Mickey7 de Edward Ashton.
PRODUÇÃO
Bong Joon-ho, Dede Gardner, Jeremy Kleiner, Dooho Choi.
DIREÇÃO
Bong Joon-ho.